A dupla formada pelo pianista e cantor Diego Amador e o guitarrista José Maria Bandera, da Espanha, apresentam em Belém o show “Paqueando”, uma homenagem ao flamenco, manifestação ícone da cultura da Andaluzia. Esta é a primeira vez que os artistas tocam no Pará. O show será na programação do Festival AMAJAZZON, que ocorre na quarta (27) e quinta-feira (28), no Teatro Estação Gasômetro.

O flamenco é um ícone da cultura espanhola. Mais do que um estilo musical, ele retrata, em suas letras, gestos de dança, história e a complexa formação cultural da região da Andaluzia, no norte do país. Em 2010, ele foi reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Nascido em uma família de artistas flamencos, José Maria Bandera é discípulo de Paco de Lucía, uma figura central do ritmo espanhol: sua influência se estende por vários gêneros e deixou uma marca indelével na música mundial, com sua técnica incomparável, e espírito de inovação, misturando tradição e modernidade.

Já Diego Amador é considerado como “o Ray Charles cigano”. Aclamado como um “revolucionário da música”, mudou significativamente a atitude em relação ao piano, não apenas no flamenco, mas também na forma de tocar o instrumento em geral. Sua voz apaixonada e poderosa é outro grande elemento.

“Paqueando” presta uma homenagem a Paco de Lucía. O espetáculo traz Diego como cantor, com uma ampla progressão de estilos e ritmos flamencos, resultando em uma combinação excepcional de interpretação e musicalidade.

“Acreditamos que o flamenco precisa de uma pausa para respirar sua essência e compartilhá-la de forma honesta”, afirma a dupla.

Em entrevista , a dupla fala sobre o amor pela música brasileira, a relação com o flamenco e confessam a inusitada vontade de tocar com Ivete Sangalo. Confira:

Esta será a primeira vez de vocês na Amazônia? Estar neste território gera expectativas?

José Maria Bandera: Estive muitas vezes na Amazônia, com o trio Paco de Lucía e Juan Manuel Cañizares. Um dos shows mais memoráveis ??foi no Ópera de Manaus.

Diego Amador: Já estive com a minha música na Amazônia, mas é a primeira vez em Belém.

Em Belém vocês farão uma grande homenagem ao flamenco, que tem tanto ritmo, intensidade e paixão. Elementos que estão muito ligados ao jeito de ser latino. O que o flamenco representa para o seu som?

José Maria Bandera: O Flamenco para nós é um modo de vida, canalizamos tudo através dele. E é claro que estamos abertos a todas as músicas.

Diego Amador: Embora carreguemos o flamenco como algo que faz parte da nossa cultura, é muito comum compartilhá-lo em festivais de jazz. Tanto a minha música pessoal quanto o repertório do Paco de Lucía, neste caso, são muito bem recebidos pelo público e acho que principalmente no Brasil será uma experiência muito boa. Estou ansioso para ver a reação.

A música brasileira é um dos principais produtos culturais do país. Vocês ouvem música brasileira? O que vocês mais gostam na música feita no Brasil? Isso influencia vocês de alguma forma?

José Maria Bandera: Sim, nas vezes que estive com o Paco conheci muitos artistas, Toquinho (íamos na casa dele jogar futebol), Djavan, Raphael Rabello que nos acompanhou boa parte da turnê pelo Brasil e um dia jantamos na casa dele no Rio com seu amigo Pat Metheny, também chegamos a nos encontrar na Plataforma Ipanema com o maestro Tom Jobim e jantamos juntos. Sou admirador de muitos músicos brasileiros, se tivesse que escolher um seria Egberto Gismonti.

Diego Amador: Amo a música brasileira e tenho artistas diferentes para citar: Elis Regina, Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Egberto Gismonti e eu aproveito para dizer à Ivete Sangalo que adoro o que ela faz! Se você quiser fazer alguma coisa com Flamenco... deixo aí (risos).

Serviço:

2ª Edição do Festival AMAJAZZON, no Teatro Estação Gasômetro, dias 27 e 28 de novembro. Ingressos à venda aqui.